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122 | Boletim Informativo Embar

|   Outubro 2016

Associação Nacional de Recuperação e Reciclagem de Embalagens e Resíduos de Madeira

Cantinho do Pinheiro

Durou 67 anos e meio mas, agora, resolveu não resistir mais; foi o meu apêndice que originou uma peritonite aguda e me afastou do vosso convívio. Mas já voltou tudo ao normal e eu ao meu Cantinho.

Talvez não seja bem assim!

“Uns toques” nalguns aspetos estruturo-funcionais florestais

Todos os anos, durante a “estação dos fogos” se fala muito do que arde e dos diretamente afetados, da indústria do fogo e de lobbies, e discute-se e opina-se sobre a floresta que temos e sobre a que deveríamos ter. E exibem-se bastantes boas intenções, bastantes menos promessas e, passada aquela época, nenhumas ações. O que, de fundamental, realmente se faz a seguir, é sempre muito pouco para não dizer quase nada. Esta foi, então, uma temática recorrente, que continuou a abrir e fechar telejornais, a dar curtos e longos debates, a originar conferências e seminários, mas já se tolera muito mal; é repetitiva e está gastíssima! É uma chatice!

No entanto, à minha moda, também vou abordar alguns aspetos que geralmente se têm por assentes e são definitivos, mas que eu entendo que não estão nem são. São eles:

1 - O primeiro, que parece ter caráter teórico sem relevância prática, é o facto de usarmos, sistematicamente, o termo Floresta para designar os espaços rurais não agricultados, cobertos por vegetação anual, plurianual ou perene, sem termos em atenção que esses estágios vegetais estão já longe duma ocupação natural e resultaram do uso mais ou menos intenso e frequentemente muito predatório que lhe foi e/ou é dado pelo Homem. E ainda, se estamos a pensar no coberto arbóreo, a falarmos, geralmente, de grande artificialidade da sua origem, ou seja, não estamos a falar de Florestas mas de Matas.

Ora, isto não teria, realmente, grande relevo se não houvesse (e se expusesse essa ideia com a arrogância que a ignorância e a petulância intelectual gostam de exibir) quem ache que, porque o que temos são matas, é inteiramente irrelevante preferir-se as espécies autóctones ou as exóticas (apenas em certa medida o será), ou ser perfeitamente ridículo e infantil entender que muitos dos equilíbrios dos ecossistemas naturais (onde vão eles já…) se podem, direi, “recriar” numa artificialidade calculada; isto por forma a ajudar a prevenir a erosão, a potenciar a retenção pluvial, a diversificar e preservar a flora e a ajudar o surgimento e a fixação da vida animal, a melhorar a paisagem e até a prevenir e conter a inevitável sazonalidade dos fogos. Não sei se me fiz entender - “quem não tem cão, caça com gato”, ou “… como gato”.

2 – Fogos de copa não há corta-matos que resolva. É um problema de diversidade arbórea. Por isso se preconiza a abstenção de manchas uni-espécie e de espécies igualmente muito pirófilas em contínuo ou, pelo menos, sem largos espaçamentos entre manchas contíguas. Por isso é comum preconizar-se descontinuidade à base de espécies folhosas más combustíveis. Assim sendo, não me venham, sistematicamente, com a panaceia da limpeza de matos para evitar os fogos. Por reduzir o combustível ao nível do solo evitam-se os fogos pequenos (enquanto são pequenos) mas os de pinhal ou do eucaliptal contínuo, “venha o mais pintado”! A questão é outra. Ou melhor, é múltipla e a vegetação do sob coberto faz lá falta, pois é uma componente imprescindível de promoção da biodiversidade que, quer se queira quer não, continua a ser um objetivo que as matas podem e devem ajudar a alcançar mesmo na ausência “definitiva” duma floresta verdadeira.

3 – Continuando a falar de fogos, apetece-me dizer que sou daqueles que não tem dúvidas de que quase todas as ignições são intencionais, por isso, para um florestal, criminosas. Pouquíssimas são as circunstâncias em que se trata de causas naturais ou descuidos, e as informações oficiais que estão disponíveis confirmam isto.

Por isso parece-me que haverá algo de muito essencial a fazer no capítulo criminal. Não me aventuro a propor como ou o quê, não sei, mas posso recordar que, há já uns bons anos, as vereações organizaram parques de receção de material lenhoso fogueado, como instrumento promotor da regulação de preços e para evitar abusos de oportunistas. Desta ou doutra forma, parece-me ser preciso encarar este problema, e isso inclui desinteressar os agentes menos escrupulosos que negoceiam a produção lenhosa dos outros.

4 – Os guardas florestais não querem voltar a guardar as matas! Este chavão, este álibi, vai servindo bem os objetivos de quem prefere as consequências da situação atual. Mas, a mim, é um argumento que não convence. Já não há quem queira uma vida como tinham os guardas antigos que eu conheci, mas esse modelo já não existe. O nível de formação de homens e mulheres dispostos a guardar o espaço rural, em especial o florestal, não tem hoje comparação com o de há 50 anos, claro está, portanto o seu grau de exigência socioeconómico e cultural são muito maiores, mas tudo isso está assumido e assegurado.

Não se quer mais os guardas florestais de antigamente, a viver no meio das serras, que nem uns eremitas. As deslocações são rápidas por acessos decentes e com meios de transporte modernos, e a “civilização”, em geral, está “à mão de semear”. Por isso tenho a convicção de que é falso que não haja quem queira, hoje, ter uma carreira tão saudável e gratificante como a que pode ter um “guarda-florestal” do século XXI. Terá que ser uma carreira condignamente remunerada, não tenho dúvida, mas com as condições mínimas satisfeitas, integrada na GNR ou não, não faltará quem a queira abraçar.

Proponho, então, que experimentem simular o regresso às matas de quem as guarde e façam contas. Será caro para o erário público, mas vão espantar-se, e muito, quando as compararem com o valor dos prejuízos resultantes da situação atual. Poderão, até, fazer o exercício com os valores reais dos fogos do verão. Não querem espantar-se, senhores responsáveis políticos?

5 – Promover e apoiar o associativismo é imprescindível. Sem que ele dê os seus frutos, dificilmente se poderá tornar real o que a palavra Ordenamento, tantas vezes indevidamente usada e já gasta de tanto uso sem proveito, realmente significa – promoção da perpetuação do potencial produtivo, por intermédio duma equilibrada gestão do espaço no tempo, do território e dos seus recursos naturais, de maneira a obter uma repartição temporal conveniente de benefícios. Ora isto exige uma escala mínima de ação que só com áreas florestais de umas centenas apreciáveis de hectares se consegue e isso só se atinge, por razões fundiárias que todos conhecemos, se os proprietários florestais do minifúndio decidirem associar-se. Como já referi em escritos anteriores, as ZIF serão uma ótima solução para inverter a atual situação, tão generalizada, e para se poder ir um pouco mais além do apenas “cultivar”.

Portanto, se o que acima disse não tiver a mínima colagem, em pouco tempo, com a realidade, penso que o que se conseguirá para melhorar e rentabilizar produções, melhor prevenir incidentes bióticos e abióticos, é apenas gestão, Gestão Florestal.

Será, na verdade, melhor que o que existe, que é nada, mas ainda será confrangedoramente escasso. Este País florestal precisa de mais. E também de mais fogos, mas controlados. São uma ferramenta interessante para controlar os matos e outra vegetação rasteira, mas só quando feitos por gente credenciada, durante o inverno e com bombeiros ao pé. Muitas são as situações em que a orografia e outros fatores não permitem a sua utilização, mas em muitas outras permitem. É uma técnica com provas dadas que talvez deva ser bem mais vulgarizada. Ainda não tem barbas entre nós, mas já é velha que nem o Mundo … com Homem!

Mário Pinheiro

Exposição

Móveis Olaio

Até dezembro de 2016 pode ser visitada, no Museu de Cerâmica de Sacavém, a exposição Móveis Olaio – Produção, Inovação e Qualidade.

Mais informação aqui.

 

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Workshop SIMWOOD

Modelos e Simuladores da floresta na prática" e 3.º Encontro com os Stakeholders do projeto StarTree

25 de outubro de 2016

Observatório do Sobreiro e da Cortiça, Coruche, Portugal

IUFRO Regional Congress for Asia and Oceania 2016

24 a 27 de outubro de 2016

Beijing, China

Emballage - Manutention 2016

14 a 17 de novembro de 2016

Paris Nord Villepinte - Paris, França

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Madeira Prima

22 Set, 2016 | Episódio 2