Balanço…, já?

Uma nota de junho passado da Agência Lusa dá conta da afirmação do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural no Parlamento sobre prevenção de incêndios florestais. Terá afirmado que faz um balanço positivo.

Ora, será que a  rentabilidade produtiva de bens e serviços com origem na floresta , o que induz e custeia a sua gestão ativa e é a ação que melhor promove a proteção do espaço florestal, se tem potenciado assim tanto? Como terá o SEFDR tanta certeza disso para ser tão perentório? Um balanço qualquer sobre fogos florestais, positivo ou negativo, ainda mal abriu a época deles, em que se fundamenta? Nalguma de fé, não?

O balanço fica já feito pra dezembro, mas olhe que é muito arriscado abalançar-se a tanto, senhor SE.

Oxalá acerte!

Os eucaliptos também ardem!

Conforme dá notícia o diário Dinheiro Digital/Lusa em 18 de junho, o grupo Portucel-Soporcel anuncia que vai investir, ainda este ano (julgamos que com reflexo palpável apenas em 2014), mais de 3 milhões de euros em prevenção e apoio ao combate a incêndios florestais. Isto assente em ações de gestão e de partilha de conhecimentos científicos recentes, que atuam, a longo prazo, sobre o risco de incêndio.

Na nota, aquele grupo papeleiro informa também da sua colaboração no projeto de investigação FIRE-ENGINE, que “está a desenvolver métodos para apoiar decisões de políticas públicas e estratégias de operações no sistema de gestão, de prevenção e combate a incêndios florestais".

É uma atitude que aplaudimos, pois todos sabemos que o eucaliptal e os eucaliptos ardem tão bem quanto o pinhal e os pinheiros.

O Portucel/Soporcel sabe-o bem. E quanto bem!

Prós e contras do novo RJAAR

Se for promulgado tal qual foi aprovada pela AR o novo Regime Jurídico das Ações de Arborização e Rearborização, será exclusivo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) licenciar as reflorestações de áreas superiores a 2 hectares, sem mudança de espécie(s) e em terrenos não fogueados nos 10 anos anteriores; nas inferiores os proprietários apenas têm que o informar, mesmo que mudem a espécie.

À partida, parece uma boa fórmula de desburocratizar a reflorestação, desde que não seja o ICNF, por falta de meios humanos e materiais, um sucedâneo da indesejável burocracia ora existente. É o que me preocupa!

Recorde-se, porém, que sendo a área média da propriedade florestal a norte do Tejo bem inferior a 1 hectare, aquelas medidas têm os seus quês de potencialmente perniciosas. Não contêm a expansão do eucaliptal, o que agrada às papeleiras, e não acautelam as regras mínimas de gestão do minifúndio, portanto da prevenção dos fogos. São dois aspetos preocupantes, não vos parece?

Espero que não tenha sido mais uma oportunidade perdida para a nossa floresta, em particular para o pinhal bravo, que já vai só em 2º lugar.

Mais, maior e melhor!

In sítio da UNAC pode ler-se: “Seja remunerado pelo sequestro de carbono no solo em áreas de montado, pinheiro-manso e carvalho-negral, no sul e interior centro do país, ao controlar o mato com recurso a métodos não destrutivos para o solo”.

Trata-se de noticiar que está em curso a 3ª fase de adesão ao Projeto TERRAPRIMA-UNAC/Fundo Português de Carbono – Controlo dos Matos, que consiste em subsidiar quem efetuar o controlo de matos em áreas florestais com recurso a métodos não lesivos do solo. Ou seja, utilizando equipamento mecânico que não moleste o terreno nem os sistemas radicais das árvores, apenas corta e destroça a vegetação rasteira, sem a exportar ou queimar. Deste modo, também promove o sequestro de carbono, incrementa a fertilidade e não perturba a biodiversidade.

A área contratada, que já ultrapassa os 40000 hectares, ainda é beneficiável até ao final de 2014. Por isso, se já usa aquelas práticas ou quer de experimentá-las, apresse-se a aderir. Verá como a sua área florestal e o ambiente lhe vai agradecer.

Mário Pinheiro